"O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente"



Confucio



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Um micro-vestido e dois pontos de vista.

Primeiro ponto de vista:

Tinha acabado de sair de um spa urbano. Estava satisfeitíssima com os resultados. Já gozando de antemão as delícias que a aguardavam. Matar de inveja as irmãs e a cunhada. E, é claro, atormentar aquela sua vizinha gordinha se exibindo pro maridão dela. O farol para pedestres fechou, parou contrariada. Achava um absurdo farol para pedestres. Foi quando a loira escultural num micro-vestido vermelho começou a atravessar a rua. Não, não atravessava. Desfilava, a metida! Olhou-a destilando ódio profundo, medindo-a de alto a baixo milhões de vezes. - Vadia, nojenta, puta, descarada, vulgar, desgraçada! Por que não morre?



Segundo ponto de vista:

Estava perseguindo o Audi há três quarteirões. Finalmente, a oportunidade. O farol para pedestres fechou, freou a moto bruscamente, colado ao carro.Já ia puxando o revólver para assaltar a dondoca. Foi quando a loira escultural num micro-vestido vermelho começou a atravessar a rua. Não, não atravessava. Flutuava, o anjo!
Olhou-a derretendo de tesão, medindo-a de alto a baixo milhões de vezes - Deusa, divina, maravilhosa, linda, santa, bendita! Por que me despreza?


Ele esqueceu do assalto, esqueceu da vida, esqueceu da morte, esqueceu de tudo e, quando se deu conta, o carro já estava longe. Foi-se embora praguejando, furioso e frustrado.


Ela acelerou cheia de inveja, maldizendo a vida, odiando o mundo e pensando na próxima cirurgia plástica que exigiria ao seu médico. Foi-se embora praguejando, furiosa e frustrada.



A loira? Achou que aquele farol para pedestres fechava muito rápido e que era muito inconveniente correr com um salto tão alto...

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