"O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente"



Confucio



domingo, 31 de dezembro de 2017

Feliz 2018. Se possível.

Já passei a noite de Ano Novo na praia. Puta expectativa! Tive que correr de um balão cheio de fogos que começaram a explodir antes do tempo. Tive que brigar com um sujeito bêbado que achou de acampar no capô do meu carro. 
Já passei a noite de Ano Novo assistindo à nauseante virada do Faustão. Já passei a noite de Ano Novo numa autoestrada, num tráfego infernal. Mas eu era jovem e, admito, foi até divertido.
Mas tenho boas lembranças também. Houve um tempo em que gostei muito dessa época. Quando era criança. Quando era adolescente e escolhia com esmero a roupa branca que iria usar.  Quando trabalhava numa loja de móveis e eletrodomésticos e adorava aquela muvuca  de Natal!  Eu sempre usava a grana extra pra dar um puta presente pra minha mãe.  Lembro-me de um ano em que eu comprei um enorme cachorro de gesso. Um pastor alemão. Ela adorava esses trens.  Não foi o presente mais caro que eu dei pra ela, mas foi o que ela mais gostou.  E o mais “divertido” foi carregar aquele troço gigantesco dentro de um ônibus lotado num vinte e quatro de dezembro.
Foi num vinte e quatro de dezembro também que eu fui a um shopping na última hora pra comprar presentes para os meus sobrinhos. E disputei, literalmente, a tapa com uma senhora de cabelos brancos, o último cachorrinho de pelúcia. Era exatamente aquele que a minha sobrinha queria. Eu o avistei no fim de um corredor e saí correndo feito um bólido. Chegamos ao bicho ao mesmo tempo, a senhora e eu. Nos olhamos por alguns segundos, estupefatas!  E foi como se tudo parasse para um duelo a la Sérgio Leone.  Mas, eu fui mais rápida no gatilho. Sorry darling!
E teve aquele ano em que a minha mãe temperou o carneiro com ramos de pinheirinho pensando que era alecrim.  Estavam lá os dois vasos no jardim, lado a lado, não sei o que ela tava tomando...  Só sei que ficou ainda mais gostoso.
Hoje, confesso, acho tudo um saco. Se pudesse, pulava o mês de dezembro e caía de paraquedas em janeiro sem culpa nenhuma. Não vejo sentido em tanta comemoração.  Não identifico marco de passagem nenhum. Tudo continua como sempre no dia primeiro de janeiro.
Mas quando vejo pessoas que, genuinamente, ainda acreditam. Ainda tiram, sei lá de onde, esperança de dias melhores. Quando olho pra minha filha e me vejo com vinte e quatro anos de idade, com tantos sonhos, com aquele brilho no olho.  Engulo o meu ceticismo e tento me convencer que a vida dela será melhor do que a minha. Que o mundo será mais generoso com ela. Com todos. Apesar de tudo.
Sei que amanhã vou acordar com a mesma dor de cabeça, com o mesmo medo do futuro, mas, por hoje, vou abrir uma cerveja gelada e desejar a todos vocês, sinceramente, um Feliz 2018.  Tim-Tim!


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