"O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente"



Confucio



quinta-feira, 1 de abril de 2010

Instinto Fatal


Era mesmo um tanto paranóico e assumia sua condição sem nenhum constrangimento.Depois que viu aquele filme ficou ainda mais seletivo ao escolher uma companhia feminina.
Aos seus mais variados rituais,acrescentou mais um. Quando levava uma mulher para casa,trancava todos os objetos perfurantes a sete chaves. Principalmente,o picador de gelo...
Conheceu Abigail numa reunião de negócios e,apesar da atração instantânea entre os dois,ficou meio cismado porque a cena lembrava-lhe aquele outro filme.
Ficou enrolando por umas duas semanas,resistindo às investidas daquela ruiva escultural que andava lhe tirando o sono. Investigou tudo o que pôde sobre ela e o que descobriu foi que,além de uma mulher independente e absolutamente normal, ela era muito boa de cama.
Finalmente a convidou para sair. Não conseguia parar de pensar nas coisas que ouvira sobre ela.Estava muito ansioso por provar daquilo tudo.
A noite foi alucinante. Que mulher! Encontraram-se várias outras vezes, sempre em motéis. Aos poucos,ele foi baixando a guarda. Até que chegou o dia em que a levou para a sua casa. Tomou todas as precauções de praxe. Ela adorou o lugar e sentiu-se completamente à vontade. Fez um strip-tease na sala e eles transaram pela casa toda. Exaustos,adormeceram no quarto.
Lá pelas tantas ele acordou e viu-se sozinho na cama. Chamou por ela mas não obteve resposta. Sentiu uma pressão no peito, começou a suar. Calma,calma. Estava tudo sob controle. Havia trancado todas as coisas pontudas e perigosas e tinha tido o cuidado de revistar sua bolsa enquanto ela tomava uma ducha. Chamou mais uma vez e nada. Onde diabos essa cretina se meteu? Já em pânico e berrando pela casa,encontrou-a na cozinha falando ao celular. Fez sinal para que ele ficasse quieto. Desligou e explicou que era seu marido,em viagem a trabalho há três semanas,voltaria no dia seguinte.Excitadíssimos,transaram sobre a mesa da cozinha.
Pela manhã,ele preparou o café. Estava totalmente relaxado. À luz do dia,sentia-se bem mais seguro e,além do mais,ela parecia mesmo ser uma pessoa normal. Entrou pelo corredor carregando uma bandeja repleta de frutas,pães e um fumegante bule de café. Abriu a porta do quarto sorridente e,quando ia dizer alguma coisa,tropeçou no tapetinho à beira da cama e derrubou a bandeja sobre ela. A mulher soltou um berro horrível pois o líquido quente queimou-lhe a barriga.Estupefato,não teve tempo para se desculpar,morreu de traumatismo craniano.
Afinal,a bandeja era pesada e ela era forte.

2 comentários:

  1. Como ele pôde provar, "que mulher"! hehehehe
    ótimo, Kássia! :P

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  2. Sensualíssimo e criativo seu conto Kássia, adorei o blog.
    Grato por sua visita e comentário no Poeteiro de rua.
    Bjsss

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